"If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is: infinite."
William Blake
Religion - Tim Minchin
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Film Noir
Ella Raines
"leve levemente como quem chama por mim"
Fundido na bruma no nevoeiro sem fim
Uma ideia brilhante cintila no escuro
Um odor a tensão do medo puro
Salto o muro, cuidado com o cão
Vejo onde ponho o pé, iço-me a mão
Encosto ao vidro um anel de brilhantes
É de fancaria a fingir diamantes
Salto a janela com muita atenção
Ponho-me à escuta, bate-me o coração
Sabem que me escondo na Bellevue
Ninguém comparece ao meu rendez-vous
Porta atrás porta pelo corredor
O foco de luz no ultimo estertor
No espelho um esgar, um sorriso cruel
Atrás da última porta a cama de dossel
Salto para cima experimento o colchão
Onde era sangue é só solidão
Os meus amigos enterrados no jardim
E agora mais ninguém confia em mim
Era só para brincar ao cinema negro
Os corpos no lago eram de gente no desemprego
GNR - Bellevue (Psicopátria 1986)
domingo, 23 de janeiro de 2011
All the Lives
I can never read all the books I want; I can never be all the people I want and live all the lives I want. I can never train myself in all the skills I want.
And why do I want?
I want to live and feel all the shades, tones and variations of mental and physical experience possible in life. And I am horribly limited...
Sylvia Plath
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Favourite Person
“We're born alone, we live alone, we die alone. Only through our love and friendship can we create the illusion for the moment that we're not alone.”
Orson Welles
Das três pessoas entrevistadas, qual parece ser mais feliz?
Orson Welles
Das três pessoas entrevistadas, qual parece ser mais feliz?
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Tem na maneira de olhar
Tem na maneira de olhar
Aquela dúbia certeza
De quem pretende fixar-se
Numa doce realidade...
E o seu vulto quando passa,
Parece deixar no espaço,
A graça de uma saudade!
Há no seu riso -
Uma nota
Que lembra um laivo de sombra
Nessa beleza tão séria
Onde tudo quanto é belo
Desgraçadamente existe.
Ah!, meus amigos, a vida!...
- Falei de amor, fiquei triste.
António Botto - "As canções"
Aquela dúbia certeza
De quem pretende fixar-se
Numa doce realidade...
E o seu vulto quando passa,
Parece deixar no espaço,
A graça de uma saudade!
Há no seu riso -
Uma nota
Que lembra um laivo de sombra
Nessa beleza tão séria
Onde tudo quanto é belo
Desgraçadamente existe.
Ah!, meus amigos, a vida!...
- Falei de amor, fiquei triste.
António Botto - "As canções"
de Nina Leen
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas
Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes
Sophia de Mello Breyner Andresen
Adrian Borland - Walking In The Opposite Direction
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes
Sophia de Mello Breyner Andresen
Adrian Borland - Walking In The Opposite Direction
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Mad Hatter: Brontë Sisters
As musas literárias da minha adolescência...
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Enlevo
A obra é uma coisa que fica. Se tirarmos os filhos da puta da literatura e da pintura ficamos com nada. Se se tirarem os bêbados fica-se com zero. Se deixarmos só os livros feitos por pessoas que se portavam bem, tratavam bem a mulher, eram bons amigos e pagavam as contas a horas, ficamos só com merda. O único autor que foi boa pessoa e ao mesmo tempo um génio é capaz de ser, sei lá, o Beckett.”
[...]
“A ideia de que a literatura tem um papel moral, positivo ou negativo, é errada. Nem enriquece, nem empobrece. Pode enriquecer ou pode empobrecer. Mas não é essa a razão para ler. Uma pessoa lê para ficar deslumbrada. Uma pessoa lê para ficar noutro estado. Para sair de si própria. Uma pessoa lê para estar noutro mundo. Para entrar noutro estado. E, no caso das coisas muito bem escritas, num enlevo. Há um enlevo de ser elevado.”
[...]
“Todos os escritores utilizam anfetaminas. Podes dizer um nome de um escritor do séc. XX… Quase todos. Utilizam, porque ajuda muito a concentrar. Se há droga para estudar e para a escrita, e em que depois a pessoa não se envergonha, a única droga que ajuda são as anfetaminas. […] Com LSD não se consegue escrever. Com o haxixe também não. Sai tudo um disparate. Eu já experimentei e geralmente só sai lixo. A cocaína ao principio ajuda um bocadinho mas esse principio é tão curto – é para aí de uma semana ou duas – que depois já não ajuda absolutamente nada. Com ópio nunca experimentei. “
Miguel Esteves Cardoso in Ler, Novembro 2008
domingo, 9 de janeiro de 2011
Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos nocturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
ate' não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos nocturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
ate' não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
sábado, 8 de janeiro de 2011
Barco Negro
Les Amants du Tage, Henri Verneuil, 1955
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
David Mourão-Ferreira
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Sexta-feira à noite
Brassai
Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.
Marina Colasanti
Pearl Jam - Better man
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Brassai,
Fotografia,
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Música,
Pearl Jam,
Poesia
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
No Satisfaction
“It is always the way of events in this life…no sooner have you got settled in a pleasant resting-place, than a voice calls out to you to rise and move on, for the hour of repose is expired.”
Jane Eyre de Charlotte Bronte
Devo - I can't get no satisfaction
Jane Eyre de Charlotte Bronte
Devo - I can't get no satisfaction
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
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