quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
O menino louco
Ao menino louco da casa ao lado
tinham-no preso. À noite ouvíamo-lo
a uivar. E eu sussurrava à minha almofada:
Obrigado, meu Deus! Ao menos eu estou livre.
O menino louco já não grita.
No entanto o grito acorda-me
nas noites negras sem estrelas.
Então não é o menino. Sou eu.
Inger Hagerup, Fra hjertets krater, 1964
tinham-no preso. À noite ouvíamo-lo
a uivar. E eu sussurrava à minha almofada:
Obrigado, meu Deus! Ao menos eu estou livre.
O menino louco já não grita.
No entanto o grito acorda-me
nas noites negras sem estrelas.
Então não é o menino. Sou eu.
Inger Hagerup, Fra hjertets krater, 1964
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
Eu sou o poema
Sou o poema que ninguém escreveu
Sou a carta que sempre se queimou.
Sou o caminho que ninguém tomou
e o som que nunca soou.
Sou a oração dos lábios mudos
Sou o filho de uma mulher não nascida,
uma corda que nenhuma mão estendeu
uma fogueira que ninguém acendeu.
Acordai-me! Redimi-me! Levantai-me já
da terra e disponha, de espírito e corpo e alma!
Mas quando rezo, só respostas incompletas.
Eu sou as coisas que não ocorrem nunca.
Inger Hagerup, Jeg gikk meg vill i skogene, 1939
Sou a carta que sempre se queimou.
Sou o caminho que ninguém tomou
e o som que nunca soou.
Sou a oração dos lábios mudos
Sou o filho de uma mulher não nascida,
uma corda que nenhuma mão estendeu
uma fogueira que ninguém acendeu.
Acordai-me! Redimi-me! Levantai-me já
da terra e disponha, de espírito e corpo e alma!
Mas quando rezo, só respostas incompletas.
Eu sou as coisas que não ocorrem nunca.
Inger Hagerup, Jeg gikk meg vill i skogene, 1939
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
Detalhe de uma paisagem invisível de novembro
No meio do país de névoa que se chama eu
há um velho sinal de trânsito sem caminho.
Ali está assinalando com a sua carcomida flecha
até aos pântanos e quilómetros de neblina.
Em vão procuro nomes e sinais.
Nevões e chuvas tudo apagaram.
Ali esteve uma vez o caminho para que me encaminhava.
Quando desapareceu e quando me perdi?
Vou às cegas como um invisual até essa palavra
que me indicaria o caminho da minha casa.
No meio do país de névoa que se chama eu
há um sinal sem caminho que me assusta.
Inger Hagerup, Fra hjertets krater, 1964
há um velho sinal de trânsito sem caminho.
Ali está assinalando com a sua carcomida flecha
até aos pântanos e quilómetros de neblina.
Em vão procuro nomes e sinais.
Nevões e chuvas tudo apagaram.
Ali esteve uma vez o caminho para que me encaminhava.
Quando desapareceu e quando me perdi?
Vou às cegas como um invisual até essa palavra
que me indicaria o caminho da minha casa.
No meio do país de névoa que se chama eu
há um sinal sem caminho que me assusta.
Inger Hagerup, Fra hjertets krater, 1964
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