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domingo, 29 de julho de 2018

Porque te vas

Hoy en mi ventana brilla el sol
Y el corazon
Se pone triste contemplando la ciudad
Porque te vas

Como cada noche desperté
Pensando en ti
Y en mi reloj todas las horas vi pasar
Porque te vas

Todas las promesas de mi amor se iran contigo
Me olvidaras
Me olvidaras

Junto a la estacion lloraré igual que un nino
Porque te vas
Porque te vas

Bajo la penumbra de un farol
Se dormiran
Todas las cosas que quedaron por decir
Se dormiran

Junto a las manillas de un reloj
Esperaran
Todas las horas que quedaron por vivir
Esperaran

Todas las promesas de mi amor se iran contigo
Me olvidaras
Me olvidaras

Junto a la estacion yo lloraré igual que un nino
Porque te vas
Porque te vas
Porque te vas

Junto a la estacion yo lloraré igual que un nino
Porque te vas
Porque te vas
Porque te vas


quarta-feira, 18 de julho de 2018

Sombra

Quando o meu amigo se sentou ao sol e a sombra do seu rosto ficou projectada nas costas da cadeira, beijei a sua sombra. Beijei a sua sombra e esse beijo não o tocou, beijo perdido no ar, fundido na sombra. 
O amor de um pelo outro é como uma extensa sombra que se beija, sem qualquer esperança de realidade. 

Anaïs Nin, in A Casa do Incesto

domingo, 15 de julho de 2018

Deranged

Mas o medo da loucura, Jeanne, só o medo da loucura nos levará a ultrapassar as fronteiras invioláveis da nossa solidão. O medo da loucura destruirá os muros da nossa casa secreta e projectar-nos-á no mundo à procura de contactos ardentes.

Os mundos autoconstruídos e alimentados em si próprios estão cheios de fantasmas e de monstros.

Anaïs Nin, A Casa do Incesto



Silent

O Espelho, Andrei Tarkovsky, 1975

Me cerro

Jeito de escrever

Não sei que diga.
E a quem o dizer?
Não sei que pense.
Nada jamais soube.

Nem de mim, nem dos outros.
Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas...
Seja do que for ou do que fosse.
Não sei que diga, não sei que pense.

Oiço os ralos queixosos, arrastados.
Ralos serão?
Horas da noite.
Noite começada ou adiantada, noite.
Como é bonito escrever!

Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito.
Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.
No tempo vago...
Ele vago e eu sem amparo.
Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das horas. 
Mortas!

E por mais não ter que relatar me cerro.
Expressão antiga, epistolar: me cerro.
Tão grato é o velho, inopinado e novo.
Me cerro!
Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados,
solta a outra, de pena expectante.
Uma que agarra, a outra que espera...
Ó ilusão!
E tudo acabou, acaba.
Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda?

Silêncio.
Nem pássaros já, noite morta.
Me cerro.
Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência  e solidão.

Da indiferença.
Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada.
Noite vasta e contínua, caminha, caminha.
Alonga-te.
A ribeira acordou.


Irene Lisboa, in 'Antologia Poética'


Paris, Texas, de Wim Wenders, 1984

quinta-feira, 12 de julho de 2018

As mentiras de pernas curtas

As
pernas
das
grandes
mentiras
não
são
sempre
tão
curtas

Mais
curtas
são
mesmo
as
vidas
dos
que
nelas
creram


Erich Fried


Recordações da Casa Amarela, João César Monteiro, 1989

terça-feira, 3 de julho de 2018

"Dreams are like water, colourless, dangerous"

A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços

              *

Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos

Alexandre O'Neill






Dreams...

Dreams are like water, colourless, dangerous

 
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