terça-feira, 1 de junho de 2010
Dá-me a Lua, mãe
Charles Maurin, Maternité, 1893
- Dá-me a Lua, mãe, dá-me a Lua.
- Filho, a Lua está longe.
-Leva-me à nuvem mais alta.
- Filho, há nuvens nos sonhos.
- Mãe, dá-me um dia sem chuva.
- Filho, tem pena da terra.
- Leva-me ao cimo do monte.
- Filho, o caminho é de pedras.
- Mãe, dá-me aquela andorinha.
- Filho, não a queiras prender.
- Leva-me ao fim do mar.
- Filho, o mar não tem fim.
- Mãe. Eu queria uma estrada,
uma estrela e um cavalo.
- Filho, mas não te canses,
não te queimes, não te percas.
- Mãe, dá-me o negro do negro
que é a tinta dos teus olhos.
- Filho, os teus olhos são negros
como o negro dos meus olhos. "
João Pedro Mésseder, in "Conversas", Conto estrelas em ti, 17 poetas escrevem para a infância