Stanotte un sussultante cielo
malato di nuvole nere
acuisce a sprazzi vividi
il mio desiderio insonne
e lo fa duro e lucente
come una lama d'acciaio.
Antonia Pozzi
Lightning
Tonight a trembling sky
sick with black clouds
sharpens in brilliant flashes
my sleepless desire
and makes it hard and bright
like a blade of steel.
trad. Amy Newman
sábado, 27 de outubro de 2018
Afa
Oggi
la mia tristezza esigente
a starnazzarmi nell’anima
pesantemente
come scirocco
pregno di salsedine
Milano, 25 aprile 1929
Antonia Pozzi
Sultriness
Today
my sadness demanding
fluttering in my soul
heavily
like a sirocco
soaked with salt
Milan, 25 April 1929
trad. Amy Newman
la mia tristezza esigente
a starnazzarmi nell’anima
pesantemente
come scirocco
pregno di salsedine
Milano, 25 aprile 1929
Antonia Pozzi
Sultriness
Today
my sadness demanding
fluttering in my soul
heavily
like a sirocco
soaked with salt
Milan, 25 April 1929
trad. Amy Newman
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
Amore di lontananza
Ricordo che, quand’ero nella casa
della mia mamma, in mezzo alla pianura,
avevo una finestra che guardava
sui prati; in fondo, l’argine boscoso
nascondeva il Ticino e, ancor più in fondo,
c’era una striscia scura di colline.
Io allora non avevo visto il mare
che una sol volta, ma ne conservavo
un’aspra nostalgia da innamorata.
Verso sera fissavo l’orizzonte;
socchiudevo un po’ gli occhi; accarezzavo
i contorni e i colori tra le ciglia:
e la striscia dei colli si spianava,
tremula, azzurra: a me pareva il mare
e mi piaceva più del mare vero.
Milano, 24 aprile 1929
Antonia Pozzi
Love of distance
I remember, when in my mother’s house,
in the middle of the plain, I had
a window that looked onto
the meadows; far off, the wooded bank
hid the Ticino and, further on,
there was a dark line of hills.
Back then I’d only seen the sea
one time, but preserved of it
a sharp nostalgia as when in love.
Towards evening I stared at the skyline;
narrowed my eyes a little; caressed
outlines and colours between my lids;
and the line of hills flattened out,
trembling, azure: and seemed the sea to me
and pleased me more than the real sea.
trad. Peter Robinson
della mia mamma, in mezzo alla pianura,
avevo una finestra che guardava
sui prati; in fondo, l’argine boscoso
nascondeva il Ticino e, ancor più in fondo,
c’era una striscia scura di colline.
Io allora non avevo visto il mare
che una sol volta, ma ne conservavo
un’aspra nostalgia da innamorata.
Verso sera fissavo l’orizzonte;
socchiudevo un po’ gli occhi; accarezzavo
i contorni e i colori tra le ciglia:
e la striscia dei colli si spianava,
tremula, azzurra: a me pareva il mare
e mi piaceva più del mare vero.
Milano, 24 aprile 1929
Antonia Pozzi
Love of distance
I remember, when in my mother’s house,
in the middle of the plain, I had
a window that looked onto
the meadows; far off, the wooded bank
hid the Ticino and, further on,
there was a dark line of hills.
Back then I’d only seen the sea
one time, but preserved of it
a sharp nostalgia as when in love.
Towards evening I stared at the skyline;
narrowed my eyes a little; caressed
outlines and colours between my lids;
and the line of hills flattened out,
trembling, azure: and seemed the sea to me
and pleased me more than the real sea.
trad. Peter Robinson
domingo, 21 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
Over, over
I know it's over still I cling, I don't know where else I can go
Over, over
...
Do you think you can help me?
...
I know it's over
It never really began but in my heart it was so real
...
It's so easy to laugh, it's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind
Over, over
...
Love is natural and real
But not for such as you and I, my love
...
Over, over
...
Do you think you can help me?
...
I know it's over
It never really began but in my heart it was so real
...
It's so easy to laugh, it's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind
Over, over
...
Love is natural and real
But not for such as you and I, my love
...
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Has Ended
I woke up in a city
the soldiers had come home
the ego it had ended
his loud mouth was gone
the witches all were singing
and the water turned grey
and the mirrors and the phones
caught flame, caught flame
saying we won’t make this mistake again
then the idiot was alone
was alone
and the water it forgave us
and the fascists felt ashamed
at their dancing puppet king
saying we won’t make this mistake again
the soldiers had come home
the ego it had ended
his loud mouth was gone
the witches all were singing
and the water turned grey
and the mirrors and the phones
caught flame, caught flame
saying we won’t make this mistake again
then the idiot was alone
was alone
and the water it forgave us
and the fascists felt ashamed
at their dancing puppet king
saying we won’t make this mistake again
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
Deuses desleais
Foi bonito
O meu sonho de amor.
Floriram em redor
Todos os campos em pousio.
Um sol de Abril brilhou em pleno estio,
Lavado e promissor.
Só que não houve frutos
Dessa primavera.
A vida disse que era
Tarde demais.
E que as paixões tardias
São ironias
Dos deuses desleais.
Miguel Torga, Diário XV
O meu sonho de amor.
Floriram em redor
Todos os campos em pousio.
Um sol de Abril brilhou em pleno estio,
Lavado e promissor.
Só que não houve frutos
Dessa primavera.
A vida disse que era
Tarde demais.
E que as paixões tardias
São ironias
Dos deuses desleais.
Miguel Torga, Diário XV
Não é fácil o amor
Não é fácil o amor melhor seria
Arrancar um braço fazê-lo voar
Dar a volta ao mundo abraçar
Todo o mundo fazer da alegria
O pão nosso de cada dia não copiar
Os males do amor matar a melancolia
Que há no amor querer a vontade fria
Ser cego surdo mudo não sujeitar
O amor ao destino de cada um não ter
Destino nenhum ser a própria imagem
Do amor pôr o coração ao largo não sofrer
Os males do amor não vacilar ter a coragem
De enfrentar a razão de ser da própria dor
Porque o amor é triste não é fácil o amor
Luís Pignatelli
(cantado no álbum Cantar ao Sol, 1983, de Janita Salomé)
Arrancar um braço fazê-lo voar
Dar a volta ao mundo abraçar
Todo o mundo fazer da alegria
O pão nosso de cada dia não copiar
Os males do amor matar a melancolia
Que há no amor querer a vontade fria
Ser cego surdo mudo não sujeitar
O amor ao destino de cada um não ter
Destino nenhum ser a própria imagem
Do amor pôr o coração ao largo não sofrer
Os males do amor não vacilar ter a coragem
De enfrentar a razão de ser da própria dor
Porque o amor é triste não é fácil o amor
Luís Pignatelli
(cantado no álbum Cantar ao Sol, 1983, de Janita Salomé)
Wicked Game
Dreamers, they never learn.
domingo, 7 de outubro de 2018
terça-feira, 2 de outubro de 2018
Outro dia
Escrever assim …
escrever sem arte,
sem cuidado,
sem estilo,
sem nobreza,
nem lindeza …
sem maior concentração,
sem grandes pensamentos,
sem belas comparações,
não será escrever!
Mas assim me apetece,
que o entendam ou não,
que o admitam ou não,
escrever …
estender
o delgado, estiado,
inoperante
pensamento.
Este pensar
não é actuar mentalmente,
sequer,
é descansar …
escrever sem arte,
sem cuidado,
sem estilo,
sem nobreza,
nem lindeza …
sem maior concentração,
sem grandes pensamentos,
sem belas comparações,
não será escrever!
Mas assim me apetece,
que o entendam ou não,
que o admitam ou não,
escrever …
estender
o delgado, estiado,
inoperante
pensamento.
Este pensar
não é actuar mentalmente,
sequer,
é descansar …
Estive deitada,
e agora estou sentada.
Deitada via as nuvens,
brancas do sol,
brilhantes,
enoveladas.
Tanta brancura
à frente dos meus olhos!
Afogava-me nela.
De que me lembrava?
Nem eu já sei.
As ideias do dia,
picadas sem dor,
a que sorria,
como apareciam, desapareciam …
Realmente,
só na hora,
no pleno instante
de nos assaltarem,
frescas e imprevistas,
têm o seu sabor.
e agora estou sentada.
Deitada via as nuvens,
brancas do sol,
brilhantes,
enoveladas.
Tanta brancura
à frente dos meus olhos!
Afogava-me nela.
De que me lembrava?
Nem eu já sei.
As ideias do dia,
picadas sem dor,
a que sorria,
como apareciam, desapareciam …
Realmente,
só na hora,
no pleno instante
de nos assaltarem,
frescas e imprevistas,
têm o seu sabor.
Deitada,
com a luz nos olhos,
sonhava … sei que sonhava…
na única coisa em que se sonha,
na única em que se pensa,
naquela que é a trama,
o fundo ora baço,
ora vivo,
persistente e teimoso,
das nossas preocupações …
com a luz nos olhos,
sonhava … sei que sonhava…
na única coisa em que se sonha,
na única em que se pensa,
naquela que é a trama,
o fundo ora baço,
ora vivo,
persistente e teimoso,
das nossas preocupações …
Antes ensaiei vestidos,
mas todos usados …
Vestidos do verão, leves,
remoçantes,
que dá gosto ensaiar.
É uma experiência que se faz …
Vemo-nos ao espelho
e ele que nos diz?
Tudo o que desejamos
e também o que receamos …
Que me diz o espelho?
Fala-me dos olhos,
fala-me do corpo,
engana-me …
mas todos usados …
Vestidos do verão, leves,
remoçantes,
que dá gosto ensaiar.
É uma experiência que se faz …
Vemo-nos ao espelho
e ele que nos diz?
Tudo o que desejamos
e também o que receamos …
Que me diz o espelho?
Fala-me dos olhos,
fala-me do corpo,
engana-me …
Mas também me diz,
tantas vezes!:
nada esperes,
és tola.
nada esperes,
és tola.
Ai que podem os vestidos,
que podem os espelhos?
Tempo!
Tu é que tens a última palavra! Corres,
e, sem dó, tudo inutilizas. Bem hajas!
Inutiliza! Mas não demores!
Destrói! Mata!
Que o pior mal,
de todos o pior,
é esperar,
sempre esperar.
Tu é que tens a última palavra! Corres,
e, sem dó, tudo inutilizas. Bem hajas!
Inutiliza! Mas não demores!
Destrói! Mata!
Que o pior mal,
de todos o pior,
é esperar,
sempre esperar.
Irene Lisboa
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