Sibila Palmifera, Dante Gabriel Rossetti
Se o destino futuro ela planeia, todo em folhas,
Como Sibila, insubstancial, fugidia felicidade;
À primeira rajada desvanece-se no ar.
* * * *
Como os planos mundanos parecem folhas de Sibila,
Assim livros de Sibila parecem os dias do homem,
O preço crescendo quando o número diminui.
Como Sibila, insubstancial, fugidia felicidade;
À primeira rajada desvanece-se no ar.
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Como os planos mundanos parecem folhas de Sibila,
Assim livros de Sibila parecem os dias do homem,
O preço crescendo quando o número diminui.
Edward Young, Pensamentos Nocturnos (1742)
" De regresso à terra, Eneias disse à Sibila: «Sejas uma deusa ou uma mortal amada dos deuses, por mim serás sempre tida em reverência. Quando chegar ao ar superior mandarei construir um templo em tua honra e eu mesmo levarei oferendas.» «Não sou uma deusa», disse a Sibila; «não reclamo sacrifícios ou oferendas. Sou mortal, todavia, se tivesse aceite o amor de Apolo, poderia ter sido imortal. Ele prometera-me a realização do meu desejo se eu consentisse em ser sua. Eu peguei numa mão cheia de areia e disse: «Concede-me tantos aniversários quantos grãos de areia há na minha mão». Infelizmente esqueci-me de pedir a juventude permanente. Também isto ele teria concedido se eu aceitasse o seu amor mas, ofendido com a minha recusa, permitiu que eu envelhecesse. A minha juventude e a minha força juvenil fugiram há muito. Vivi já setecentos anos e, para igualar o número de grãos de areia, tenho ainda de ver trezentas Primaveras e trezentas colheitas. O meu corpo encolhe com o passar dos anos e, em seu devido tempo, deixarei de ser vista, mas a minha voz permanecerá e as gerações futuras respeitarão as minhas palavras.»
Estas palavras finais da Sibila aludiam ao seu poder profético. Na sua caverna costumava ela inscrever em folhas colhidas das árvores os nomes e os destinos dos indivíduos. As folhas assim inscritas estavam arranjadas por ordem dentro da cave e podiam ser consultadas pelos seus devotos. Mas se por acaso, ao abrir-se a porta, o vento entrasse e dispersasse as folhas, a Sibila não ajudava a restaurá-las e o oráculo estava irremediavelmente perdido.
Thomas Bulfinch, A Idade da Fábula
El Cant de la Sibilla - Jordi Savall - voz de Montserrat Figueras