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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Baile de Máscaras


Scherzo di Folia, de Pierre-Louis Pierson, 1865

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

(...)

Fernando Pessoa

Virginia Elisabetta Luisa Carlotta Antonietta Teresa Maria Oldoïni (1837 – 1899), mais conhecida como La Castiglione, foi uma condessa italiana que ganhou notoriedade como amante do Imperador Napoleão III.
Entre 1856 e 1895, a Condessa de Castiglione fez-se fotografar mais de 400 vezes pelo estúdio Mayer & Pierson, em Paris.


Entre as suas poses para a câmara contam-se uma freira, Medeia com uma faca, Beatriz, Judite a entrar na tenda de Holofernes, uma donzela afogada, Lady Macbeth sonâmbula, Ana Bolena, uma cortesã exibindo as suas pernas ou ainda um cadáver no caixão. Virginia fazia ficção fotográfica com a sua própria imagem e criava identidades alternativas, usando espelhos para fragmentar e multiplicar imagens.



A sua vaidade era tão ou ainda mais famosa que a beleza. Enviava álbuns dos seus retratos a amigos e admiradores. Não dirigia a palavra às mulheres e vivia completamente fascinada por si própria, segura de que os outros também assim viviam. Os seus cúmplices predilectos: os espelhos.


Jocelyn Pook - Masked Ball
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