[poema de Natal]
Corto os pulsos de dentro para fora,
sangro para dentro, lâminas de ruído
afiadas em ruas iluminadas, centros
comerciais, baías com árvores nunca
vistas, flutuantes, papel, x-acto, fita
cola, os pulsos cortados pelo lixo a
arder na noite de consoada, infindo
lixo a trazer felicidade, ilhas de lixo,
em alto mar, os pulsos a sangrar para
dentro famílias inteiras, eu calado a
embrulhar-me no lixo para me dar de
presente a quem me queira esbanjar.
Henrique Manuel Bento Fialho