O futebol enquanto experiência religiosa
Se indagássemos todas as causas da felicidade dos homens descobriríamos, espantados, a preponderância dos pequenos nadas, dos gatilhos insignificantes – a sombra de uma árvore, abrir a porta do prédio e sair ao sábado de manhã para encontrarmos a rua vazia, uma certa canção. Seria justo renegarmos a felicidade que despertaram? Dizer que os filhos, um amor, uma obra ou um império proporcionam alegrias mais duradouras é uma afirmação sensata, dificilmente desmentível, mas a aparente frivolidade de certas causas não fará da felicidade que delas resultou uma felicidade mais pura, uma felicidade platónica no sentido estar mais próxima da própria ideia de felicidade, quase independente do objecto que a provocou?