sexta-feira, 29 de junho de 2018
domingo, 24 de junho de 2018
quinta-feira, 21 de junho de 2018
Sem Amor
Viver sem amor
É como não ter para onde ir
Em nenhum lugar
Encontrar casa ou mundo
É contemplar o não-acontecer
O lugar onde tudo já não é
Onde tudo se transforma
No recinto
De onde tudo se mudou
Sem amor andamos errantes
De nós mesmos desconhecidos
Descobrimos que nunca se tem ninguém
Além de nós próprios
E nem isso se tem.
Ana Hatherly
É como não ter para onde ir
Em nenhum lugar
Encontrar casa ou mundo
É contemplar o não-acontecer
O lugar onde tudo já não é
Onde tudo se transforma
No recinto
De onde tudo se mudou
Sem amor andamos errantes
De nós mesmos desconhecidos
Descobrimos que nunca se tem ninguém
Além de nós próprios
E nem isso se tem.
Ana Hatherly
Amor
Aqueles olhos aproximam-se e passam.
Perplexos, cheios de funda luz,
doces e acerados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!
Como estão próximos os nossos ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando,
esta minha mão,
que é uma espada e não defende nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.
Amor, tão chão de Amor,
que sensível és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!
Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e enfurece
e logo recai na branda impotência.
Canseira eterna!
Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
Tanto bater de asas frementes,
tanto grito e pena perdida...
E as tréguas, amor cobarde?
Cada vez mais longe,
mais longe e apetecidas.
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti
e tu de nós?
Irene Lisboa, in 'Antologia Poética'
Perplexos, cheios de funda luz,
doces e acerados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!
Como estão próximos os nossos ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando,
esta minha mão,
que é uma espada e não defende nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.
Amor, tão chão de Amor,
que sensível és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!
Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e enfurece
e logo recai na branda impotência.
Canseira eterna!
Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
Tanto bater de asas frementes,
tanto grito e pena perdida...
E as tréguas, amor cobarde?
Cada vez mais longe,
mais longe e apetecidas.
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti
e tu de nós?
Irene Lisboa, in 'Antologia Poética'
Before Sunrise, Richard Linklater, 1995 |
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Tread lightly
“It’s dark because you are trying too hard. Lightly child, lightly. Learn to do everything lightly. Yes, feel lightly even though you’re feeling deeply. Just lightly let things happen and lightly cope with them. I was so preposterously serious in those days, such a humourless little prig. Lightly, lightly – it’s the best advice ever given me. When it comes to dying even. Nothing ponderous, or portentous, or emphatic. No rhetoric, no tremolos, no self conscious persona putting on its celebrated imitation of Christ or Little Nell. And of course, no theology, no metaphysics.
Just the fact of dying and the fact of the clear light. So throw away your baggage and go forward. There are quicksands all about you, sucking at your feet, trying to suck you down into fear and self-pity and despair. That’s why you must walk so lightly. Lightly my darling, on tiptoes and no luggage, not even a sponge bag, completely unencumbered.”
– Aldous Huxley, Island
sexta-feira, 15 de junho de 2018
quinta-feira, 14 de junho de 2018
sábado, 9 de junho de 2018
segunda-feira, 4 de junho de 2018
Era de noite quando eu bati à tua porta
Príncipe:
Era de noite quando eu bati à tua porta
e na escuridão da tua casa tu vieste abrir
e não me conheceste.
Era de noite
são mil e umas
as noites em que bato à tua porta
e tu vens abrir
e não me reconheces
porque eu jamais bato à tua porta.
Contudo
quando eu batia à tua porta
e tu vieste abrir
os teus olhos de repente
viram-me
pela primeira vez
como sempre de cada vez é a primeira
a derradeira
instância do momento de eu surgir
e tu veres-me.
Era de noite quando eu bati à tua porta
e tu vieste abrir
e viste-me
como um náufrago sussurrando qualquer coisa
que ninguém compreendeu.
Mas era de noite
e por isso
tu soubeste que era eu
e vieste abrir-te
na escuridão da tua casa.
Ah era de noite
e de súbito tudo era apenas
lábios pálpebras intumescências
cobrindo o corpo de flutuantes volteios
de palpitações trémulas adejando pelo rosto.
Beijava os teus olhos por dentro
beijava os teus olhos pensados
beijava-te pensando
e estendia a mão sobre o meu pensamento
corria para ti
minha praia jamais alcançada
impossibilidade desejada
de apenas poder pensar-te.
São mil e umas
as noites em que não bato à tua porta
e vens abrir-me.
Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades"
Era de noite quando eu bati à tua porta
e na escuridão da tua casa tu vieste abrir
e não me conheceste.
Era de noite
são mil e umas
as noites em que bato à tua porta
e tu vens abrir
e não me reconheces
porque eu jamais bato à tua porta.
Contudo
quando eu batia à tua porta
e tu vieste abrir
os teus olhos de repente
viram-me
pela primeira vez
como sempre de cada vez é a primeira
a derradeira
instância do momento de eu surgir
e tu veres-me.
Era de noite quando eu bati à tua porta
e tu vieste abrir
e viste-me
como um náufrago sussurrando qualquer coisa
que ninguém compreendeu.
Mas era de noite
e por isso
tu soubeste que era eu
e vieste abrir-te
na escuridão da tua casa.
Ah era de noite
e de súbito tudo era apenas
lábios pálpebras intumescências
cobrindo o corpo de flutuantes volteios
de palpitações trémulas adejando pelo rosto.
Beijava os teus olhos por dentro
beijava os teus olhos pensados
beijava-te pensando
e estendia a mão sobre o meu pensamento
corria para ti
minha praia jamais alcançada
impossibilidade desejada
de apenas poder pensar-te.
São mil e umas
as noites em que não bato à tua porta
e vens abrir-me.
Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades"
Une femme est une femme, de Jean-Luc Godard, 1961 |
domingo, 3 de junho de 2018
As noites em que bato à tua porta
[...]
são mil e umas
as noites em que bato à tua porta
e tu vens abrir
e não me reconheces
porque eu jamais bato à tua porta.
[...]
Ana Hatherly
são mil e umas
as noites em que bato à tua porta
e tu vens abrir
e não me reconheces
porque eu jamais bato à tua porta.
[...]
Ana Hatherly
sábado, 2 de junho de 2018
Einbürgerung
Mãos brancas
cabelos ruivos
olhos azuis
Pedras brancas
sangue ruivo
lábios azuis
Ossos brancos
areia ruiva
céu azul
cabelos ruivos
olhos azuis
Pedras brancas
sangue ruivo
lábios azuis
Ossos brancos
areia ruiva
céu azul
Erich Fried
sexta-feira, 1 de junho de 2018
I'll just feed on dreams and smile as hope slowly dies
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