24 de Março de 1969. “Dizem-me às vezes que sou inacessível à emoção — não é curioso? E que não gosto, sou incapaz de gostar, de ninguém. Imagine-se (…). Mas, se é assim, a explicação não será difícil. Quando a vida nos habitua a desprendermo-nos dela, a firmarmos o pé em nada, vive-se obviamente no provisório. E se o que mais amamos nos falha sempre ou disso nos ameaça, o recurso é amar-se como que um ‘ideal’ que nunca falha (…). Por mim e por sobre tudo, amo a vida, que é onde acontece o que há-de amar-se ou não. Mas o que põe em causa as relações individuais não é de prender muito. Por desencanto prévio, pois. E por prudência. Pelo que for. Assim, as surpresas não surpreendem. Ou quase.”