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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Casa Assombrada

Mas bela, rara, friamente indiferente para além da superfície, a luz que eu procurava continuava a arder do outro lado da vidraça. A morte era o vidro; a morte estava entre nós; vinha da mulher que pela primeira vez, centenas de anos antes, deixara para sempre aquela casa, calafetando as janelas; as salas estavam mergulhadas no escuro.
(...)
Inclinados, o candeeiro seguro por cima de nós, olham-nos profunda e longamente. Demoram-se imóveis. O vento ergue-se de leve; a chama inclina-se um pouco mais. Raios de luar bravios atravessam o chão e as paredes e iluminam, ao encontrarem-nos, os rostos debruçados; os rostos que velam; os rostos que observam os adormecidos e espreitam a sua alegria oculta.

Virginia Woolf, A Casa Assombrada
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