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sábado, 31 de dezembro de 2011

Venha de lá esse 2012!


Não é por causa dos dissabores nem dos contratempos,


nem dos desgostos e das lágrimas vertidas, 


nem das traições e punhaladas nas costas que sofri, ao longo deste ano, 


que vou deixar de me encantar com a beleza da vida


e com o poder do amor.


Por isso, VENHA DE LÁ ESSE 2012!!


Nas imagens (de cima para baixo): Greer Garson, Claudette Colbert, Carole Lombard, Norma Shearer, Greta Garbo e Bette Davis

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Do contra...


Porn Orchard imitando as vozes de Tom Waits e Peter Murphy - "This Holiday Season" e "Christmas Sucks"

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

est-ce que tu peux me voir?

- Tu, porquê tu?
- E porque não eu? Em que falto eu ao teu sonho?
- Em nada. Só que nunca imaginei haveres de ser tu a doer-me, nem que vinha de tão longe a tua ausência.
- Afinal não para um encontro...
- Bem o sei, contento-me em respirar-te, em saber-te, longe...
- Cada vez mais longe...
- Perto, cada vez mais perto, uma vez que de longe o sabemos.
- Desde sempre...
- Desde sempre...

- Ver-te é já um privilégio. Vejo-te! Vejo-te!
- Vês ou imaginas?
- Talvez imagine, como quando não te olho e em ti projecto as silhuetas que correm, que se perdem, entre as árvores. Nâo sei. Quando se trata de ti não distingo o sonho da realidade.
- Nunca distinguimos a realidade do nosso próprio sonho e por isso temos medo...
- De quê, querida minha?
- De te perder, quando julgo encontrar-te...
- Mesmo agora que podemos tocar-nos, no meio desta gente real, quotidiana, que espera o eléctrico?
- Mesmo agora. Somo-nos um sonho recíproco. Só os outros são reais. Continuo a ter medo...

- A tua boca sabe a laranja, é um fruto de mil sabores...
- É o teu desejo que tem mil papilas...
- Não, não, é a minha boca que só existe na tua.
- Por isso sou a tua margem, sem ti não tenho inquietas marés.

- Um dia esquecer-me-ás...
- E como é possível perder um sonho, tecido dia a dia?
- O tempo se encarregará de destecê-lo... Um dia virá em que os teus dedos já não saberão o toque breve e frio da minha boca... Um dia virá em que não saberei mais a tua timidez, quase sem gestos... não a saberei mais. Ter-te-ei perdido para sempre.
- E quando será esse quando?
- Ambos temos o poder da destruição, um de nós o fará nascer.
- Tu...
- Tu.

Luísa Dacosta, Colóquio/Letras nº 28 (Novembro 1975)

Diane Arbus, 1963


domingo, 4 de dezembro de 2011

Lilies of the valley

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.

Sophia de Mello Breyner


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Here In Me

(...)
Eis que um segundo nascimento,
não adivinhado, sem anúncio,
resgata o sofrimento do primeiro,
e o tempo se redoura...

A explicação rompe das nuvens,
das águas, das mais vagas circunstâncias:
Não sou Eu, sou o Outro
que em mim procurava seu destino.
Em outro alguém estou nascendo.
A minha festa,
o meu nascer poreja a cada instante
em cada gesto meu que se reduz
a ser retrato,
espelho,
semelhança
de gesto alheio aberto em rosa.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sleep brings no joy to me

Isabelle Hupert em "Les Soeurs Brontes", de André Téchiné, 1979

Sleep brings no joy to me,
Remembrance never dies;
My soul is given to misery
And lives in sighs.

Sleep brings no rest to me;
The shadows of the dead
My waking eyes may never see
Surround my bed.

Sleep brings no hope to me;
In sounder sleep they come.
And with their doleful imagery
Deepen the gloom

Sleep brings no strength to me,
No power renewed to brave:
I only sail a wilder sea,
A darker wave.

Sleep brings no friend to me
To soothe and aid to bear;
They all gaze, oh, how scornfully,
And I despair.

Sleep brings no wish to knit
My harassed heart beneath:
My only wish is to forget
In the sleep of death.


Emily Bronte - Sleep Brings No Joy To Me ("The Complete Poems")

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Flores

Dor, Carlos Schwabe

"Because the world is so full of death and horror, I try again and again to console my heart and pick the flowers that grow in the midst of hell."

Hermann Hesse, Narcissus and Goldmund

Private World

Private Worlds, 1935

"Quero beber venenos, perder-me em brumas, em sonhos!"

in A Tentação de Santo António, de Gustave Flaubert

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Nunca regresso ao ponto de partida

Nunca regresso ao ponto de partida,
quando me leva como eremita
a solidão do dia em que viajo,
quando nem horizontes desordenam
com seus fechados véus
a vontade afincada de transpor
as linhas clandestinas.
E porque voltaria? Trabalhoso
seria descobrir
de novo a senda aberta ao retornar,
com poeiras e pedras, sobressaltos,
em toda a dimensão da revoada.
O ponto de partida
diluiu-se aliás no pesadelo
de noites infindáveis, sem contorno,
sem astros pelo céu a tilintarem
e sem segurança do romper
da manhã desejada.
Companheira leal, a solidão
parte sempre comigo
até onde a distância não existe.

António Salvado


Sangue de um Poeta, de Jean Cocteau, 1930

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Nobody loves me!

Je t'oublie

"Esqueçamos com generosidade aqueles que não nos querem amar."

Pablo Neruda











































Marcel Marien,  L'oubli d'être en vie, 1967


Fechar a porta

"Para toda a espécie de mal, há dois remédios: o tempo e o silêncio."

Alexandre Dumas



I lock my door upon myself, de Fernand Khnoff

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Capricho

But smiles and tears are so alike with me, they are neither of them confined to any particular feelings: I often cry when I am happy, and smile when I am sad.

Anne Brontë, The Tenant of Wildfell Hall



Annemarie Heinrich, "Caprices, Anita Grimm", 1936

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Hoje deu-me para isto...



In my opinion, your opinion that it’s a silly song is a silly opinion."
- Cary Grant em "Monkey Business"






terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os maus olhares

Desceu a escada. Na entrada parou em frente de um grande espelho de moldura doirada, pendurado por cima de um tremó. Estava ainda mais pálida agora. Abriu a carteira e, rapidamente, pôs um pouco mais de rouge nos dois lados da cara.
Então, no fundo do espelho, atrás da sua cara, viu, descendo a escada, a terceira rapariga. Era loira, não alta mas esguia e tinha um ar aéreo. O vestido chiffon cor-de-rosa pálido dançava em redor de seus passos.
Lúcia fingiu não a ver mas a rapariga avançou, parou ao seu lado em frente do espelho, sorriu e disse:
- Não se veja nesse espelho. Faz muito má cara.
Lúcia perplexa murmurou:
- Pois é, talvez...
- A sua pele é linda e branca - atalhou a rapariga, e, ali, parece cinzenta. É melhor não olhar para lá.
Pairou um silêncio. Alguém que passava chamou a rapariga. Ela, sem se mover, respondeu:
- Vou já.
Depois hesitou um instante, sorriu de novo e, olhando Lúcia, continuou:
- Sabe... é preciso não dar importância a este género de espelhos. São como as pessoas más, não dizem a verdade.
- Pois, pois é - concordou Lúcia tentando entrar no imprevisto tom da conversa.
- Sabe - e a rapariga tomou um ar ausente como se falasse sozinha - não sabemos ao certo o que querem os maus reflexos, os maus olhares, as más palavras. Talvez a perdição da nossa alma. E temos que manter a nossa alma livre.
- Pois é - concordou Lúcia espantada.
- É - rematou a rapariga.
Depois, voltou a sorrir, sacudiu os cabelos e disse:
- Tenho de ir, até já.
E afastou-se.


in Histórias da Terra e do Mar - História da Gata Borralheira, de Sophia de Mello Breyner Andresen


Andre Kertesz - Distortion

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Descalça de viver

Anne Lefebvre

Descalça de viver, andava sempre.
Enchia a rua quando não passava.
Mas, se passava, desfazia o tempo
e apagava a rua, os homens e as lágrimas.

Nem ela própria já vivia dentro
de si. A roupa que levava
tinha uma cor de triste e pensamento
que não se sente e não se vê. E nada

dela se via que não fosse um vento.
Nem um silvo ou perfume a denunciava.
Sabia-se, de certo, que vivia

porque o dia, a certas horas se quedava
pronto, parado, como não sendo dia.
Ela, descalça de viver, passava...


Fernando Echevarría,"Sobre as Horas",1963

domingo, 9 de outubro de 2011

Parting

There’s no use in weeping,
Though we are condemned to part:
There’s such a thing as keeping
A remembrance in one’s heart:

There’s such a thing as dwelling
On the thought ourselves have nurs’d,
And with scorn and courage telling
The world to do its worst.

Charlotte Bronte


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Um brinde aos falsos amigos

I’m now quite cured of seeking pleasure in society, be it country or town. A sensible man ought to find sufficient company in himself.”

Emily Bronte, Wuthering Heights

"Amen" - Bette Davis em All About Eve, Joseph L. Mankiewicz, 1950

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Província I

Amo esta rua antiga de província,
quieta, silenciosa.
Casas de rés-do-chão e andar
dão-lhe uma linha sinuosa
como de um bêbado a vaguear
a desoras...

Um velho relógio
deu agora horas,
horas cansadas, horas de há muito tempo:
são um lamento de eras passadas
em que a velha era menina
e desfiava
a teia azul das horas descuidadas

Que é das meninas desse tempo
nas varandas debruçadas?

Saul Dias, Obra Poética


Les coiffeuses au soleil, Robert Doisneau

sábado, 1 de outubro de 2011

Eco da Anterior

Que dúvida Que dívida Que dádiva
Que duvidávida afinal a vida

David Mourão-Ferreira, Lira de bolso, 2ªed, Dom Quixote, 1971


Might as well...

Razors pain you;
Rivers are damp;
Acids stain you;
And drugs cause cramp.
Guns aren’t lawful;
Nooses give;
Gas smells awful;
You might as well live.

Dorothy Parker (1893-1967)

Família Adams

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cabaré - IV

Rudolf Koppitz


















Todos os punhais que fulgem nos gritos,
todas as fomes que doem no pão,
todo o suor que luz nas estrelas,
todas as cruzes no peso dos braços,
todos os crimes nas penas das pombas,
todas as lanças nos dedos de reza,
todas as feridas que cheiram nos cravos,
todas as sedes com asas nas nuvens,
toda a inveja na limpidez dos espelhos,
todos os soluços para ressuscitar os filhos mortos,
todos os desejos nos alçapões do Frio,
todos os assassinos que andaram ao colo das mães,
todos os olhos pegados nas jóias das montras,
todos os atestados de pobreza com lágrimas de carimbo,
todos os murmúrios do sol, no quarto ao lado, à hora da morte...

Tudo, tudo, tudo
se condensou de repente
numa nuvem negra de milhões de lágrimas
a humilharem-me de ternura
- eu que quero ser alheio, duro, indiferente...

... enquanto os Outros dançam, cantam, bebem,
vivem, amam, riem, suam
neste pobre planeta
magoado das pedras e dos homens
onde cresceu por acaso o meu coração no musgo
aberto para a consciência absurda
deste remorso sem sentido.

José Gomes Ferreira, "Poesia - I"


Rudolf Koppitz, 1925

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Casa Assombrada

Mas bela, rara, friamente indiferente para além da superfície, a luz que eu procurava continuava a arder do outro lado da vidraça. A morte era o vidro; a morte estava entre nós; vinha da mulher que pela primeira vez, centenas de anos antes, deixara para sempre aquela casa, calafetando as janelas; as salas estavam mergulhadas no escuro.
(...)
Inclinados, o candeeiro seguro por cima de nós, olham-nos profunda e longamente. Demoram-se imóveis. O vento ergue-se de leve; a chama inclina-se um pouco mais. Raios de luar bravios atravessam o chão e as paredes e iluminam, ao encontrarem-nos, os rostos debruçados; os rostos que velam; os rostos que observam os adormecidos e espreitam a sua alegria oculta.

Virginia Woolf, A Casa Assombrada

In the Mirror

“I’ve dreamt in my life dreams that have stayed with me ever after, and changed my ideas: they’ve gone through and through me, like wine though water and altered the colour of my mind."

Emily Brontë, Wuthering Heights




sábado, 17 de setembro de 2011

Hands

Beauty is unbearable, drives us to despair, offering us for a minute the glimpse of an eternity that we should like to stretch out over the whole of time.

Albert Camus


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Inhale...1-2-3-4-5-6-7-8-9-10... exhale...

Agora que o ano lectivo está prestes a arrancar (com todo o stress que isso implica - o dia de hoje, por exemplo, já foi um daqueles... ) e o meu mail já foi inundado com ofertas de conferências, formações, palestras, etc... porque é que não recebo nenhum convite para um workshop deste género?... 


'Taking Off',de Milos Forman, 1971

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os falsos

Não vejo o rosto a ninguém,
Cuidais que são e não são.
Homens que não vão nem vêm
Parece que avante vão.
Antre o doente e o são
Mente cada ora a espia;
Na meta do meo dia
Andais entre lobo e cão.

Sá de Miranda

Jean-Paul Belmondo, O Acossado, de Jean-Luc Godard, 1959


















terça-feira, 6 de setembro de 2011

Epígrafe para a arte de furtar

Roubam-me Deus
outros o Diabo
- quem cantarei?

roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
- quem cantarei?

sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
- quem cantarei?

roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
- aqui d' el rei!


03-06-1952
Jorge de Sena, Poesia II, Ed. 70, 1998


domingo, 4 de setembro de 2011

Os Loucos

Há vários tipos de louco.

O hitleriano, que barafusta.
O solícito, que dirige o trânsito.
O maníaco fala-só.

O idiota que se baba,
explicado pelo psiquiatra gago.
O legatário de outros,
o que nos governa.

O depressivo que salva
o mundo. Aqueles que o destroem.

E há sempre um
(o mais intratável) que não desiste
e escreve versos.

Não gosto destes loucos.
(Torturados pela escuridão, pela morte?)
Gosto desta velha senhora
que ri, manso, pela rua, de felicidade.


António Osório, in 'A Ignorância da Morte'

sábado, 3 de setembro de 2011

Sadness

“Sadness is just happiness turned on its ass. It’s all showbiz.”


The Saddest Music in the World, de Guy Maddin, 2003

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Meio-dia

Meio-dia. Um canto da praia sem ninguém.
O sol no alto, fundo, enorme, aberto.
Tornou o céu de todo o deus deserto.
A luz cai implacável como um castigo.
Não há fantasmas nem almas,
E o mar imenso solitário e antigo
Parece bater palmas.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia, Lisboa, Caminho, 2003

Leopoldo Pomés, Revista Grua, 1957

sábado, 27 de agosto de 2011

J'attendrai le suivant

“To feel my hand so kindly prest,
To know myself beloved at last,
To think my heart has found a rest,
My life of solitude is past!

But then to wake and find it flown,
The dream of happiness destroyed,
To find myself unloved, alone,
What tongue can speak the dreary void?”


Anne Bronte


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mad Girl’s Love Song

I shut my eyes and all the world drops dead;
I lift my lids and all is born again.
(I think I made you up inside my head.)

The stars go waltzing out in blue and red,
And arbitrary blackness gallops in:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I dreamed that you bewitched me into bed
And sung me moon-struck, kissed me quite insane.
(I think I made you up inside my head.)

God topples from the sky, hell’s fires fade:
Exit seraphim and Satan’s men:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I fancied you’d return the way you said,
But I grow old and I forget your name.
(I think I made you up inside my head.)

I should have loved a thunderbird instead;
At least when spring comes they roar back again.
I shut my eyes and all the world drops dead.

(I think I made you up inside my head.)

Sylvia Plath (1932-1963)

Three on a Match, de Mervyn Le Roy, 1932

sábado, 13 de agosto de 2011

Noite de Lua Cheia

"If the moon smiled, she would resemble you.
You leave the same impression
Of something beautiful, but annihilating."

Sylvia Plath




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

La princesse insensible

Uma evocação da minha infância e do encantamento que sentia ao ver esta animação.
Quem quiser ver o seguimento da história até ao seu episódio final, poderá fazê-lo aqui, neste castelo.


de Michel Ocelot, 1983.

domingo, 24 de julho de 2011

Realidade vs Fantasia

"A infância vive a realidade da única forma honesta, que é tomando-a como uma fantasia."

Agustina Bessa-Luís






Ben Daniels em Who Killed Mrs. De Ropp, de Sam Hobkinson, 2007

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Que seca!

Mais uma tarde da minha vida desperdiçada a vigiar exames nacionais.
Só me apetecia fazer isto:




Sim, eu sei... os professores são todos uns malandros, não querem é trabalhar, blá, blá, blá, blá...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Demissão

Hoje
pela primeira vez
envelheci.
Hoje
pela primeira vez senti
que já não era a primeira vez.
Hoje
pela primeira vez
a criança morreu-me nos braços
e a canção na garganta.
Hoje
pela primeira vez ambicionei
estabilidade e fixação de planta.
Hoje
pela primeira vez
criei laços com a minha estátua.


Rita Olivais


por Louise Dahl-Wolfe

domingo, 17 de julho de 2011

"Leave the heart that now I bear"

Riches I hold in light esteem
And Love I laugh to scorn
And lust of Fame was but a dream
That vanished with the morn-

And if I pray, the only prayer
That moves my lips for me
Is-“Leave the heart that now I bear
And give me liberty.”

Yes, as my swift days near their goal
‘Tis all that I implore
Through life and death, a chainless soul
With courage to endure!


Emily Bronte



Les soeurs Brontë, de André Téchiné, 1979

Of Love and Friendship

Love is like the wild rose-briar,
Friendship like the holly-tree—
The holly is dark when the rose-briar blooms
But which will bloom most constantly?

The wild-rose briar is sweet in the spring,
Its summer blossoms scent the air;
Yet wait till winter comes again
And who will call the wild-briar fair?

Then scorn the silly rose-wreath now
And deck thee with the holly’s sheen,
That when December blights thy brow
He may still leave thy garland green.


Emily Bronte



Les soeurs Brontë, de André Téchiné, 1979

quarta-feira, 13 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

À beira de água

Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.

Eugénio de Andrade, in Os Sulcos da Sede


Robert Fowler, Dreaming















domingo, 10 de julho de 2011

Poema dum Funcionário Cansado

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só

Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?

Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só.

António Ramos Rosa in Viagem Através de Uma Nebulosa

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cão

Cão passageiro, cão estrito,
cão rasteiro cor de luva amarela,
apara-lápis, fraldiqueiro,
cão liquefeito, cão estafado,
cão de gravata pendente,
cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
cão ululante, cão coruscante,
cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão além, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esbugar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal da poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moído de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção, cão pré-fabricado,
cão-espelho, cão-cinzeiro, cão botija,
cão de olhos que afligem,
cão-problema...

Sai depressa, ó cão, deste poema!

Alexandre O'Neill in Poesias Completas


Peder Severin Kroyer (1851-1909), "Summer Evening at Skagen"

terça-feira, 28 de junho de 2011

Parte de mim

Robert Doisneau (1912-1994)


"Parte considerável de mim
Quer ser a parte que perdi
Parte de mim uma estrada
Invisível por onde ando
Parte considerável de mim
Procura incessante outro caminho
Parte quer achar o ninho
Resoluta parte do destino
E quer apagar a solidão
Parte considerável de mim
Quer chorar e sorrir
Parte de mim, uma parte que não fui
Parte espera há longos anos
Há tantos anos quantos sonhos
Parte de tantas parte um fio
Que me une e me impulsiona
A esta parte indissolúvel
Indescritível, indestrutível
De todas as partes que se foram
Partes ficaram e se aglutinam
Se amontoam e se refazem
Nesta parte a que eu mesmo
Não sabia pertencer
Nesta metamorfose
Sabe-se lá que parte acordará amanhã
E vai querer repartir meu destino
Espero pacientemente em parte...
Sem repartir as horas
Sem apagar os sonhos
Sem despedir ilusões
Sem cometer o afobo de partir
Sem a parte que acordará em mim."


Carlos Gildemar Pontes

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Amor sem eira nem beira

Fedra está apaixonada
por Hipólito
Hipólito
não está apaixonado
por Fedra
Fedra enforca-se
Hipólito morre
num acidente

Adília Lopes






Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
Suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme do Carlito!

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeiras
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...

Carlos Drummond de Andrade, in O Amor Bate na Aorta

Jean-Antoine Watteau, La Leçon d'Amour

quinta-feira, 23 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os amigos

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.


Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"

Labirinto ou não foi nada

Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua ...
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.

David Mourão-Ferreira, in "À Guitarra e à Viola"



Muddy Waters - You Can't Lose What You Ain't Never Had - 1964

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sit Down

Por mais que aborreças essa melodia
da vida quotidiana, chata e nevoenta,
que te serena;
por mais lobo sem dentes que te creias;
por mais saber, experiência e paz de espírito;
por mais ordem que ponhas a decorar as paredes,
por mais idade que a idade te dê,
por mais vidas que os livros te ofereçam,
e acrescenta a esta lista aquilo que quiseres,
há um poço selvagem no fundo de ti mesmo,
um lugar tão teu como a tua própria morte,
de pedra e de noite, de fogo e de lágrimas.
Em suas duvidosas águas
repousa desde sempre o que não dorme,
um remoto lugar onde se forjam
abominações e sonhos,
crimes e traição.
É o poço do que és capaz,
onde dormem répteis e há um fulgor
e uma profunda espera.
No teu rosto também, tu és esse poço.

Já sei que o sabias. Por isso,
aceita, brinda e bebe.


Carlos Marzal (Trad. Albino M.)



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Un Sospiro

As almas discretas são como as violetas *

* João de Deus


Cheira bem: a café fresco, ou antes, a café misturado com o cheiro das violetas que o pequeno vendedor pusera em cima da minha mesa, insistindo para que lhe comprasse um ramo. A quem o daria? Disse-lhe isto mesmo, que vivia no Porto como quem vive na ilha do Corvo, não tinha a quem dar uma flor. O rapazito, com olhos escuros de potro manso, percebendo que a minha recusa era débil, não arredava pé. Acabei por comprar-lhe as violetas e oferecê-las à lua, acabada de surgir no canto da praça, branca, redonda, carnuda, que, apesar de puta velha, ao aceitá-las pôs-se da cor das cerejas.

Eugénio de Andrade, Poesia e Prosa, Vol.I



"Choosing", George Frederick Watts

Entre o fulgor vistoso, mas sem aroma, da camélia e a timidez perfumada da violeta, prefiro a última...

A Bicicleta

O meu marido
saiu de casa no dia
25 de Janeiro. Levava uma bicicleta
a pedais, caixa de ferramenta de pedreiro,
vestia calças azuis de zuarte, camisa verde,
blusão cinzento, tipo militar, e calçava
botas de borracha e tinha chapéu cinzento
e levava na bicicleta um saco com uma manta
e uma pele de ovelha, um fogão a petróleo
e uma panela de esmalte azul.
Como não tive mais notícias, espero o pior.

Alexandre O'Neill in As horas já de números vestidas(1981)



domingo, 12 de junho de 2011

Um poema

Há muitos anos um velho poeta escreveu a tinta numa folha de papel um poema. Depois, como era costume nesse tempo, lançou um pouco de areia sobre a folha para que a tinta com que escrevera secasse mais depressa. Esperou alguns momentos e recolheu de novo a areia numa pequena caixa destinada a esse efeito. Reparou, então, que na folha de papel o poema tinha desaparecido. Não se preocupou muito. Sabia que as palavras que escrevera tinham ficado naqueles grãos de areia.

Havia dias em que se aproximava daquela caixa e gostava de a contemplar porque sabia que o poema se encontrava dentro dela. Por vezes retirava alguns grãos. A sua atenção acabava por se fixar num deles como se estivesse ali a ler ou a decifrar apenas uma letra, uma palavra, o poema inteiro, o seu próprio espírito.

Foi assim que a morte o surpreendeu. Talvez a história terminasse aqui, mas não, porque nesta como em todas as outras histórias o tempo pode decorrer tanto do passado para o presente como deste para aquele. Por isso é-nos dado concluir ou imaginar que uma criança - aquela que há-de ser, mais tarde, o velho poeta - entra no mesmo quarto onde estava a caixa com o punhado de areia a que nos referimos. Repara nela com curiosidade. Aproxima-se devagar e abre-a, vê aquela areia que, para si, não tem nenhum significado. Ou, melhor, começa a tê-lo porque pensa que a deve restituir a uma praia.

Resolve fazê-lo, um dia. Ao chegar junto do mar, deixa cair aí os grãos de areia e diz: "É apenas isto". Ninguém se encontrava naquela praia. Por essa razão, só o mar podia ouvir estas palavras. Quais? As do poema que estava naquela mão cheia de areia ou as da criança? Ambas, certamente, porque nunca foram diferentes umas das outras.


Fernando Guimarães, 1994

sábado, 4 de junho de 2011

Meteorológica

para o José Bernardino

Deus não me deu
um namorado
deu-me
o martírio branco
de não o ter

Vi namorados
possíveis
foram bois
foram porcos
e eu palácios
e pérolas

Não me queres
nunca me quiseste
(porquê, meu Deus?)

A vida
é livro
e o livro
não é livre

Choro
chove
mas isto é
Verlaine

Ou:
um dia
tão bonito
e eu
não fornico

Adília Lopes



A solidão

A solidão
de Adão
antes da criação
de Eva
devia ser
terrível
mas a minha
é bem pior
os homens
que escreveram
o Génesis
não pensaram
que Adão
em vez de saudar
Eva
com um grito de júbilo
a mandasse embora
com sete pedras na mão
mas eu acho
que foi
o que me aconteceu
temendo isso
Deus
não me deu
o papel de Eva
nem o de Maria
porque também
S. José
me tinha corrido
a pontapé.


Adília Lopes, Dobra Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009



A Bela Acordada

Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia era bonita, as pessoas diziam-lhe:
- Eu amo-te.
E iam com ela para a cama e para a mesa.
Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:
- Não gosto de ti.
E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.
A mulher pediu a Deus:
- Faz-me bonita ou feia de uma vez por todas e para sempre.
Então Deus fê-la feia.
A mulher chorou muito porque estava sempre a apanhar com caroços de azeitona e a ouvir coisas feias. Só os animais gostavam sempre dela, tanto quando era bonita como quando era feia como agora que era sempre feia. Mas o amor dos animais não lhe chegava. Por isso deitou-se a um poço. No poço, estava um peixe que comeu a mulher de um trago só, sem a mastigar. 
Logo a seguir, passou pelo poço o criado do rei, que pescou o peixe. Na cozinha do palácio, as criadas, a arranjarem o peixe, descobriram a mulher dentro do peixe. Como o peixe comeu a mulher mal a mulher se matou e o criado pescou o peixe mal o peixe comeu a mulher e as criadas abriram o peixe mal o peixe foi pescado pelo criado, a mulher não morreu e o peixe morreu.
As criadas e o rei eram muito bonitos. E a mulher ali era tão feia que não era feia. Por isso, quando as criadas foram chamar o rei e o rei entrou na cozinha e viu a mulher, o rei apaixonou-se pela mulher.
- Será uma sereia ? – perguntaram em coro as criadas ao rei.
- Não, não é uma sereia porque tem duas pernas, muito tortas, uma mais curta do que a outra – respondeu o rei às criadas. E o rei convidou a mulher para jantar. Ao jantar, o rei e a mulher comeram o peixe. O rei disse à mulher quando as criadas se foram embora:
- Eu amo-te.
Quando o rei disse isto, sorriu à mulher e atirou-lhe com uma azeitona inteira à cabeça. A mulher apanhou a azeitona e comeu-a. Mas, antes de comer a azeitona, a mulher disse ao rei:
- Eu amo-te.
Depois comeu a azeitona. E casaram-se logo a seguir no tapete de Arraiolos da casa de jantar.

Adília Lopes, OBRAA Bela Acordada


Michael Shelukhin

A ti tudo te foi dado

A ti tudo
te foi dado
e não tratas
os outros
com doçura

És um nababo
e és um nabo
(quem te dera
seres um nabo)


Adília Lopes, Dobra Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009


A propósito de estrelas

Não sei se me interessei pelo rapaz
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com as estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas

Adília Lopes



Dinah Washington - Mad about the boy

Deixa o dia de ontem

Deixa
o dia de ontem
com Deus

E vive
em paz
a espera

A cada dia
basta
a sua pena

E
o amanhã
é
como o arco-íris

Um anjo
está contigo
quando desanimas

Um anjo
está contigo
quando te alegras

Sempre
um anjo
está contigo

E
o arco-íris
brilha
como a água
que corre

Adília Lopes, Dobra Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009

Edgar Maxence

Deus é a nossa mulher-a-dias

Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a vida
porque achamos
que não presta

Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a fé
porque achamos
que é pirosa

Adília Lopes, Dobra Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009


fotografia de Vivian Maier

Deus é um boomerang

Deus é um boomerang
e eu sou a sua filha pródiga


Adília Lopes, Dobra Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009


Edvard Munch

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Drinking Song

Wine comes in at the mouth
And love comes in at the eye;
That's all we shall know for truth
Before we grow old and die.
I lift the glass to my mouth,
I look at you, and I sigh.

W. B. Yeats


Georges De Feure, Le Buveur d' Absinthe

Pedir um desejo



Um dia o soberbo cai
E o humilde sobressai.


Martine Franck


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Era uma vez...

Daniel Maclise, Tale, 1867

Quando eu era pequenino
gostava de ouvir contar
histórias de princesinhas
encantadas ao luar.

Havia então lá em casa
uma criada velhinha:
a Sérgia contava histórias
- e que graça que ela tinha!

Lendas de reis e de fadas,
inda me encheis a lembrança!
Que saudades de vós tenho,
ó meus contos de criança!

"Era uma vez..." As histórias
começavam sempre assim;
e eu, então, sem me mexer,
ouvia-as até ao fim.

Lembro-me ainda tão bem!
Os irmãos à minha beira,
calados! E a boa Sérgia
contava desta maneira:

"Era uma vez..." E, depois,
olhos fitos nos seus lábios,
ouvia contos sem conta
de gigantes e de sábios...

"Era uma vez..." E, por fim,
a voz da Sérgia parava...
E assim como eu te contei
era como ela contava.

Ai! que saudade, que pena,
que nos meus olhos tu vês!
Eu sentava-me e ela, então,
começava: - "Era uma vez..."

Adolfo Simões Muller, O Príncipe Imaginário e Outros Contos Tradicionais Portugueses


Feliz Dia da Criança (novas e velhas, exteriores e interiores)
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